Com diploma, graças a Deus!
Demorei para comentar porque estava na cozinha, preparando algum prato que exemplifique a estapafúrdia decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o fim da exigência do diploma para o exercício do jornalismo. Com toda habilidade que a universidade me deu, preparei um pastelão de botequim, para combinar com a "tragicômica" comparação do ilustre presidente do STF. Bem vindos amigos jornalistas a uma nova era. A era do retrocesso.
Voltamos no tempo apenas uns 50 anos. No país que só pode ser salvo pela Educação, nossos magistgrados máximos decidem que não é preciso estudar nenhuma ciência específica, para fazer jornal. Eles fazem jornal? Eles querem jornal? Que jornal eles querem ler?
Irônico que, no último post, lamentei o sepultamento do Conselho Federal e dos regionais de Jornalismo, um assunto que divide a classe há décadas. Viram nobres colegas, nós não fizemos nada para nos organizar e autoregulamentar a profissão, com medo da suposta "censura governamental" que estaria por trás dos conselhos. Eles fizeram!!! Prefiro parar por aqui.
Com a palavra, um leitor
O JORNALISTA SEM DIPLOMA
A decisão de acabar com a exigência do diploma de jornalista está longe de colocar um fim às dificuldades do setor. No passado, o jornalismo era exercido por políticos, advogados e outros cidadãos, muitos deles autodidatas.
O jornalista regularmente estabelecido na profissão (que a ela se dedicava profissionalmente) sofria a concorrência desleal dos "biqueiros" que, muitas vezes, sem qualquer qualificação e condição profissional, trabalhavam em troca da carteirinha e, com ela, saiam pela aí fazendo negociatas e denegrindo a imagem da classe.
A exigência do diploma quase zerou essa irregularidade, mas, em contrapartida, fechou a porta para os vocacionados que, por alguma razão, não conseguem frequentar o curso de jornalismo.
A classe passou a ser mais protegida e proliferaram os cursos, muitos deles sem a menor condição de formar os profissionais exigidos pelo mercado.
Houve, inclusive, o irresponsável período em que, pelo status sugerido, virou moda estudar comunicação. Muitos dos formados nestas condições, pela falta de preparo para os desafios da profissão, não souberam o que fazer do diploma e acabaram por enforcar o oficio. E nem poderia ser diferente, pois tiveram aulas com mestres que, mesmo com brilhantes carreiras acadêmicas, nunca atuaram em rádio, jornal ou TV, nem fizeram trabalhos de laboratório suficientes para a qualificação ao mercado.
A existência desses problemas, no entanto, não deveria gerar a degola da exigência do diploma. Em vez de lutar pela extinção, os grandes veículos de comunicação e as autoridades do setor deveriam buscar a melhora das escolas e a garantia de qualidade no ensino.
"Consertar" os cursos de formação seria melhor do que destruir a profissão. Com a formação adequada, os formados deixarão de sofrer ao entrarem no mercado e lucrarão as empresas de comunicação, que não precisarão mais treinar os principiantes para colocá-los em condições de enfrentar os desafios do dia-a-dia de suas redações.
Há, também, que se flexibilizar e até normatizar a participação de profissionais que tenham o quê escrever ou falar sobre os respectivos ramos de atividade e até sobre assuntos gerais, de uma forma que não venham a produzir notícias ou ocupar o espaço profissional exclusivo do jornalista. Que ocupem os importantes espaços de opinião e contribuam com o debate, mas não sejam concorrentes diretos das redações.
O jornalismo e o jornalista merecem todo o respeito, pois constituem um grande patrimônio nacional, a segurança da sociedade. Não podem, jamais, ser desmerecidos e nem vitimados pelo "liberou geral". A maior vitima seria a comunidade.
Dirceu Cardoso Gonçalves
Tenente e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
São Paulo
A manifestação foi publicada no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.
Obrigado, sr. tenente
Se formos lembrar das trincheiras da Ditadura Militar, o mundo anda mesmo bem esquisito... (militar defendendo jornalistas, jornalistas omissos e ministros insanos)
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
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