terça-feira, 31 de março de 2009

Sobre Meninos e Lobos

Laudo do Instituto de Criminalística de Marília classifica como “pouco provável” que um hacker tenha invadido o computador do diretor afastado do Colégio Cristo Rei, em Marília, Luis Eduardo de Oliveira, de 33 anos. Membro da Congregação Irmãos do Sagrado Coração, o ex-dirigente da tradicional instituição de ensino está no epicentro de um escândalo de pedofilia na internet.

Oliveira é acusado de ter se passado por uma menina de 15 anos e induzido uma criança de 12 a se expor nua na webcam.O processo contra ele, aberto no início do mês, tramita sob segredo de Justiça, entretanto o caso já ganhou repercussão nacional.

Sentinela de Brum teve acesso com exclusividade ao último de uma série de laudos, assinado por perito em computação. No documento, o especialista afirma que toda invasão em sistema de computador deixa rastros e no noteboock analisado não havia nenhum indício de invasão.



O especialista avalia que, em caso de violação do sistema, o suposto invasor teria de vencer todas as barreiras de proteção da máquina e também do provedor de acesso. Nestas circunstâncias, o hacker dependeria de uma série de fatores favoráveis.

“(...) precisaria localizar o equipamento alvo dentre vários outros da rede interna e vencer suas barreiras de proteção. O suposto invasor precisaria despender tempo razoável, necessário para implantar os arquivos no HD (disco), verificar se a implantação foi bem sucedida e em seguida apagar esses arquivos, correndo o risco de perdê-los, haja vista que os arquivos descritos na laudo foram recuperados a partir dos arquivos apagados. Finalmente localizar e apagar os rastros da invasão”, diz o laudo.



A perícia também identificou a conta de acesso ao comunicador instantâneo msn, com o nickname thais_cooler@hotmail.comusada. É mesmo identificador usado nos contatos com a menina persuadida a ficar nua na webcam.


O laudo apresenta, entre o conteúdo acessado (e recuperado), sites de bate-papo onde os usuários usavam nicknames como “safadinho nu na cam” e “gatinho cam”. Em depoimento à polícia, depois de negar as denúncias, Oliveira admitiu que acessava o conteúdo com a inteção de pesquisar o comportamento de adolescentes, em risco na internet.



Segundo a polícia, o religioso teria mudado de versão pelo menos três vezes. Os depoimentos e os laudos integram a ação judicial que tramita pela 3ª Vara Criminal. A primeira audiência do processo está marcada para maio
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O crime está previsto no artigo 281 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A pena pode chegar a seis anos de prisão. A defesa do ex-diretor afirma que ele é inocente, mas não comenta caso, em "respeito ao sigilo decretado pelo judiciário"
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Ex-diretor vira réu

Em fevereiro a Justiça de Marília aceitou a denúncia do Ministério Público contra o irmão Luis Eduardo de Oliveira, 33, e abriu processo criminal. Delegado Celso Antônio Borlina, adjunto da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), concedeu uma entrevista coletiva sobre o caso e afirmou que a Polícia Civil encerrou o inquérito, depois de quase dois anos, convicta das provas
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Segundo Borlina as investigações em Marília começaram ano passado, após a delegacia de Americana, região de Campinas, reastrear um computador ligado ao provedor Abase Telecom. Pelo código identifdicador de acesso, a polícia identificou o notebook que pertencia ao diretor
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Na época, segundo o delegado, ele assinou uma carta de próprio punho. No documento ele alegava que o computador era de uso exclusivo dele e não poderia ter sido usado de forma suspeita. "Na época quem começou este trabalho foi a delegada Simone (Alves Sampaio) e ela não recuou. A máquina foi apreendida e encaminhada para perícia técnica", conta Borlina.
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A polícia também examinou o computador da menina. Com os resultados das perícias na mão, a delegacia intimou Oliveira para prestar esclarecimentos. "Ele passou para uma segunda versão. Disse que o notebook era usado por várias pessoas, até para atendimento a clientes da empresa de telecomunicações. Cogitou ainda a invasão por hacker", relata o delegado da DDM.
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Após interrogar o diretor, tomar vários depoimentos e anexar laudos, a DDM concluiu as investigações e encerrou o caso com o indiciamento de Luiz Eduardo. Na última versão, segundo a polícia, ele já admitia acesso ao conteúdo impróprio e alegava que queria pesquisar os riscos para os adolescentes no cyberespaço.
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.“Pela prova robusta, ao encerrar o inquérito, pedimos a prisão preventiva dele, por entender que se trata de um caso grave, que provocou grande impacto na sociedade”, disse Borlina.


O promotor Gilson Agusto César da Silva, analisou o inquérito e ofereceu denúncia contra "Irmão Eduardo". No despacho ele se manifestou contrário à prisão do ex-diretor. O juiz Décio Devanir Mazeto, da 3ª Vara Criminal, também achou desnecessária a prisão, mas aceitou a denúncia.


Perícia constata exclusão de 28 mil arquivos

Perícia realizada pelo Instituto de Crmiminalística (IC) de Marília, no notebook apreendido, constatou a exclusão de 28 mil arquivos antes da apreensão da máquina. Segundo a polícia, os peritos conseguiram recuperar cerca de 30 imagens de crianças nuas, de ambos os sexos, com idades estimadas entre 12 e 15 anos.

O delegado Celso Antônio Borlina, adjunto da delegacia especializada, relata que as perícias foram fundamentais para o indiciamento do ex-diretor, embora a imagem da menina seduzida em Americana não tenha sido encontrada.

“Foram três análises, duas no computador dele. O laudo mais detalhado que pedimos exclui a possibilidade de um hacker ter invadido a máquina e inserido as imagens”, diz o delegado.

As investigações sobre o caso de pedofilia, envolvendo o ex-diretor do tradicional Colégio Cristo Rei, começaram após uma denúncia da família da menor. A garota de 12 anos, moradora em Americana, usava um programa de mensagens instantâneas para se corresponder com diversas pessoas, entre elas um pedófilo.

Durante um dos contatos, que teriam durado cerca de um mês e meio, a menina foi flagrada pela irmã. A adolescente chamou a mãe, uma empregada doméstica de 30 anos, que tomou o lugar dela no computador.

A mulher se passou pela filha e desconfiou que “do outro lado do monitor” a suposta adolescente de 15 anos era na verdade um adulto interessado em ver a filha nua.“Descobrimos que a menor, acreditando ter encontrado uma amiga com dúvidas sobre o corpo, comuns na idade, a fez tirar a roupa e exibir os órgãos sexuais pela webcam”, conta o delegado Borlina.

Segundo ele, a família é de origem humilde e havia comprado o computador recentemente. A mãe mandou as filhas desligarem o micro e avisou a polícia. O equipamento ficou apreendido em Americana por meses, até ser retirado para perícia, a pedido a delegacia de Marília.

Apesar de toda polêmica, é grande o risco do caso terminar numa grande e indigesta pizza. Pela legislação atual a pena para o crime de produção, publicação, acesso e armazenamento de imagens de crianças nuas não passa de seis anos de reclusão.

Para réu primário como Oliveira, a Justiça aplica pena mínima. Na prática pode resultar em regime aberto ou serviço comunitário. Caso condenado em 1ª instância, o réu que responde em liberdade continua solto, até que os recursos se esgotem e a sentença transite em julgado.
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domingo, 29 de março de 2009

Sim, jornalismo verdade

Sobre Meninos e Lobos.

Estou preparando uma reportagem com este título. Não tenho pressa porque a matéria exige fundamentação e segurança, mas não posso deixar de tratar este tema. Não se deve ficar alheio ao grave problema da inocência roubada... por quem mais deveria proteger.
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Sucesso e trabalho

Foto: Divulgação
Charles Chaplin, em Tempos Modernos


Sucesso tem uma relação direta com o trabalho. Quando terminei a personalização do blog (ufa!) pensei nisso na hora. Deu um trabalhalhão para deixar ele asssim. Acho que ficou bom, melhor, ficou bom mesmo. Algumas horas na frente do PC e tive sucesso na jornada.

Mas em essência, acho que sucesso tem mais a ver com descoberta. Na maioria das vezes, descobrir exige esforço. Aprender a usar uma nova ferramenta, nos concentrar em algo que toma tempo, enquanto os resultados parecem distantes.

Sem maniqueísmos.... o saber não é um exercício para a massa. A massa tem pressa, corre, trabalha, transpira, grita, quer sucesso, mas não sabe parar para descobrir. Por isso fazer jornalismo é tão desafiador (enfim, vamos falar do assunto que mais importa no blog).

Jornal não é salsicha, não sai da máquina direito para a embalagem. Sua existência começa na idéia, no start ou no fato consumado. Muito antes de ir para a rotativa o impresso cumpre seu papel de provocar. Desde a concepção causa curiosidade, revolta, indigação ou prazer.

O sucesso começa mesmo na descoberta, passa pelo trabalho e só existirá se pararmos para pensar nos resultados. Nada contra quem fabrica salcichas ou qualuer tipo de embutido, mas fazer jornal é muito mais que trabalhar, é descobrir a melhor forma de embalar e vender idéias.
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sábado, 28 de março de 2009

O Sentinela

Cipriano José Barata de Almeida. Eu nem me lembrava o nome completo, mas nunca esqueci do cara que "editava" jornal na prisão. Logicamente não ficava atrás de uma mesa gritando com repórteres, nem no setor comercial, vendo que matéria pode ou não ser publicada. A figura libertária e fanfletária do jornalista que desafiou o império remete a história perdida na história.

Na faculdade, a redação laboratório que, até eu me formar nunca saiu do papel, foi batizada com o nome do grande provocador. Era uma sala com alguns computadores, armário e uma cara de "serve para quê?". Logo recebeu o apelido de "Baratão", mas nunca fez jus ao apelido.

Enfim, já que a falta de aplicação nos estudos não me permite reportar com fidelidade a biografia do mestre jornalista, vamos recorrer a outros expedientes. "Cipriano Barata nasceu em uma família abastada e formou-se em medicina na Universidade de Coimbra. Porém foi como um dos mais atuantes jornalistas políticos do Primeiro reinado que marcou a história brasileira.

Se, como diz MIllôr Fernades, 'jornalismo é oposição', com certeza Cipriano Barata deveria ser o patrono do jornalismo brasileiro. Homem de idéias liberais e republicanas, influenciado pela Revolução Francesa, irrequieto e combativo, Cipriano Barata movimentou a opinião pública, propagou o liberalismo e combateu a escravidão.

Considerado traidor pelos defensores do trono, participou da Inconfidência Baiana de 1798, quando foi preso. Exerceu importante cargo na Revolução Pernambucana de 1817.Para assegurar condições mais humanas aos presos políticos, fundou comitês de solidariedade.

Fez parte das sociedades secretas que lutavam pela independência e pelo constitucionalismo e presidiu reuniões de conspiradores favoráveis ao sistema monárquico-representativo.Barata começou sua atividade jornalística na "Gazeta Pernambucana".

Em abril de 1823, fundou seu próprio veículo de comunicação: a "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco", em que o jornalista hostilizava o governo imperial de dom Pedro 1º. e posicionava-se a favor das idéias republicanas e da autonomia das províncias.

As críticas de Cipriano Barata levaram-no à prisão diversas vezes. No cárcere ou em liberdade, mantinha-se oposicionista e antilusitano. Sua luta criou as condições para a Confederação do Equador. Eleito como representante baiano para a Assembléia Constituinte, não tomou posse porque as tropas de dom Pedro cercavam a Assembléia, intimidando os deputados.

A Constituinte acabou fechada pelo imperador que outorgou uma Constituição ao país em 1824.Antes disso, porém, Cipriano foi detido na fortaleza de Brum, em Pernambuco, em 17 de novembro de 1823.

Mesmo preso, continuou se opondo ao governo com outro jornal, a que deu o nome de: "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, atacada e presa na fortaleza de Brum por ordem da força armada reunida".Transferido para o Rio de Janeiro, acabaria passando por inúmeras prisões, permanecendo detido até 1830.

Mas continuava a escrever, nomeando seus jornais como "Sentinela da Liberdade" e variando o final do título de acordo com a prisão onde se encontrava.Abandonou as atividades políticas em 1836 e retirou-se para Natal, onde morreu dois anos depois.

Fonte: UOL Educação

Fortaleza de Brum

Sim, Sentinela de Brum. Para se adaptar ao cyberespaço e resumir o nome do histórico jornal "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, atacada e presa na fortaleza de Brum por ordem da força armada reunida".

Este foi o título que Cipriano Barata (ver post seguinte) deu ao jornal que editava no cárcere.

Incluenciado pela Revolução Francesa e seu lema de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, Cipriano cometeu vários crimes, como por exemplo combater a escravidão.

O mais revolucionário jornalista brasileiro "cumpriu pena" por ter conspirado contra o império no século XVIII em várias prisões. Durante a prisão no Forte de São João Batista do Brum, ou "Fortaleza de Brum" na cidade de Recife, Barata continuava a exercer o mais puro jornalismo.

Contam os historiadores que o médico (jornalista de fato e de Direito) vivia mais tempo preso do que em liberdade. Logo escrevo mais sobre o cara, agora um pouco de história da Fortaleza de Brum.

Localizado no bairro do Recife, cidade de mesmo nome, o forte já recebeu várias denominações. O atual é resultado da confusão tupiniquim, já que ninguém conseguia pronunciar corretamente o nome do homenageado, o comissário holandês Johan Bruyne.

A construção foi iniciada em outubro de 1629, pelo engenheiro militar português Diogo Pais. O forte foi invadido em fevereiro de 1630, ainda na fase inicial de suas obras, quando não devia passar de uma simples bateria ou entrincheiramento.

Incompleto e danificado pelo assalto, foi concluído a partir de abril-maio de 1630 pelos holandeses. Foi denominado Forte Bruyne (por corruptela, Brum), em homenagem ao integrante do Conselho de Comissários que governou o "Brasil holandês".

Com a expulsão dos holandeses, serviu como unidade de defesa, abrigo para autoridades ameaçadas por invasores e prisão de conspiradores, como Cipriano Barata.

Administrado atualmente pelo Exército, encontra-se restaurado e aberto ao público, abrigando, desde 1987 o Museu Militar do Forte do Brum (MMFB), que exibe armamento e peças arqueológicas. No país da memória curta, no museu não há nenhum espaço para o velho Barata.

Com Wikkipedia