quinta-feira, 25 de junho de 2009

Jornalista (...) e péssimo cozinheiro

Sou jornalista há quatro anos. Cozinheiro nunca fui e para ser franco, sou péssimo na cozinha. Embora tenha profundo respeito e admiração pela arte (ou ciência, virou uma confusão) de cozinhar, não tenho essa habilidade. E com grande infelicidade, devo admitir.

Como nunca desejei ser outra coisa na vida, não considero a possibilidade de mudar de profissão. Dos restaurantes então, devo correr quilômetros, afinal, sou tão bom para cozinhar quanto para julgar processos e recursos no STF (Supremo Tribunal Federal). Uma negação! Por isso não me atrevo a dar declarações sobre os méritos e deméritos do trabalho alheio.

Se por depreciação da minha profissão, acabar obrigado a trabalhar num restaurante, sem problemas. Se maus jornalistas não provocam estrago nenhum na socidade, que estragos provocam os cozinheiros, além de uma salmonelazinha no prato com ingredientes mal conservados?

Vou descobrir na prática se o meritíssimo Gilmar Mendes tem razão. Se a experiência der certo, também vou me credenciar a uma toga de ministro? Que mal podem provocar na socidade? Ai meu Deus, os precursores de todas as ciências humanas devem estar se contorcendo nas catacumbas!!!

E querem saber, meus nobres (e pobres) jornalistas e não jornalistas. Não aguento mais essa chuva no molhado. Vamos fazer piada!!! Chega de estresse, a cada trocentos blogs onde passo, trocentos e um estão batendo no STF ou dizendo bobagens. É tragicômico ver algumas discussões, principalmente nos comentários.


Olha esse:

Nome: elio
Cidade: santa maria
Estado:
Data: 19/06/2009 13:52


Até hoje, nunca vi ser exigido comprovação profissional para os eletrecistas, encanadores e pedreiros...etc. Então, falar em um microfone não é previlégio só para jornalistas. É só ver os comentaristas esportivos da Globo, Band , Record, Alguns são ex-jogadores sem curso nenhum.


O Juliano foi educado

Nome: Juliano Pires
Cidade: Santa Maria
Estado:
Data: 19/06/2009 23:54

Olha Elio, me desculpe te dizer isso da forma que vou te dizer, mas o que acabei de ler é de uma ignorância sem tamanho. O que os comentáristas fazem é comentar sem nenhum cunho informacional e preocupação jornalistica. Agora te pergunto, seria viável colocar um desses teus exemplos, e usando da forma como eles conhecem a técnica e se expressam, para apresentar o jornal nacional ou mesmo escrever para o jornal que tu lê diariamente? Pense bem antes de responder...


O Felipe perdeu a paciência

Nome: felipe
Cidade:
Estado:
Data: 20/06/2009 13:34

Elio, seu burro ai já se ve que você não é jornalista, qualquer idiota como você pode ser comentarista mas nunca jornalista. Diplomapara jornalista deve ser obrigatorio!!!!!!!!!!


Enfim meus caros. É pano para manga. Se o fim do diploma for representar liberdade de expressão, preparem os ouvidos. Qualquer pessoa pode se autocredenciar ao jornalismo (inclusive se auto-credenciar com hífem, se dejesar). A Torre de Babel está pronta.

Para deixar uma perspectiva mais otimista, o blog informa:

PEC para exigência de diploma a jornalistas tem 40 assinaturas
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,pec-para-exigencia-de-diploma-a-jornalistas-tem-40-assinaturas,392456,0.htm


Para mostrar que confusão é grande, o blog informa:

O Congresso não pode reverter a decisão do STF, diz Mendes
http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2009/06/24/o-congresso-nao-pode-reverter-dicisao-do-stf-diz-mendes-198557.asp
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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Com diploma, graças a Deus!

Com diploma, graças a Deus!

Demorei para comentar porque estava na cozinha, preparando algum prato que exemplifique a estapafúrdia decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o fim da exigência do diploma para o exercício do jornalismo. Com toda habilidade que a universidade me deu, preparei um pastelão de botequim, para combinar com a "tragicômica" comparação do ilustre presidente do STF. Bem vindos amigos jornalistas a uma nova era. A era do retrocesso.

Voltamos no tempo apenas uns 50 anos. No país que só pode ser salvo pela Educação, nossos magistgrados máximos decidem que não é preciso estudar nenhuma ciência específica, para fazer jornal. Eles fazem jornal? Eles querem jornal? Que jornal eles querem ler?

Irônico que, no último post, lamentei o sepultamento do Conselho Federal e dos regionais de Jornalismo, um assunto que divide a classe há décadas. Viram nobres colegas, nós não fizemos nada para nos organizar e autoregulamentar a profissão, com medo da suposta "censura governamental" que estaria por trás dos conselhos. Eles fizeram!!! Prefiro parar por aqui.

Com a palavra, um leitor

O JORNALISTA SEM DIPLOMA

A decisão de acabar com a exigência do diploma de jornalista está longe de colocar um fim às dificuldades do setor. No passado, o jornalismo era exercido por políticos, advogados e outros cidadãos, muitos deles autodidatas.

O jornalista regularmente estabelecido na profissão (que a ela se dedicava profissionalmente) sofria a concorrência desleal dos "biqueiros" que, muitas vezes, sem qualquer qualificação e condição profissional, trabalhavam em troca da carteirinha e, com ela, saiam pela aí fazendo negociatas e denegrindo a imagem da classe.

A exigência do diploma quase zerou essa irregularidade, mas, em contrapartida, fechou a porta para os vocacionados que, por alguma razão, não conseguem frequentar o curso de jornalismo.
A classe passou a ser mais protegida e proliferaram os cursos, muitos deles sem a menor condição de formar os profissionais exigidos pelo mercado.

Houve, inclusive, o irresponsável período em que, pelo status sugerido, virou moda estudar comunicação. Muitos dos formados nestas condições, pela falta de preparo para os desafios da profissão, não souberam o que fazer do diploma e acabaram por enforcar o oficio. E nem poderia ser diferente, pois tiveram aulas com mestres que, mesmo com brilhantes carreiras acadêmicas, nunca atuaram em rádio, jornal ou TV, nem fizeram trabalhos de laboratório suficientes para a qualificação ao mercado.

A existência desses problemas, no entanto, não deveria gerar a degola da exigência do diploma. Em vez de lutar pela extinção, os grandes veículos de comunicação e as autoridades do setor deveriam buscar a melhora das escolas e a garantia de qualidade no ensino.

"Consertar" os cursos de formação seria melhor do que destruir a profissão. Com a formação adequada, os formados deixarão de sofrer ao entrarem no mercado e lucrarão as empresas de comunicação, que não precisarão mais treinar os principiantes para colocá-los em condições de enfrentar os desafios do dia-a-dia de suas redações.

Há, também, que se flexibilizar e até normatizar a participação de profissionais que tenham o quê escrever ou falar sobre os respectivos ramos de atividade e até sobre assuntos gerais, de uma forma que não venham a produzir notícias ou ocupar o espaço profissional exclusivo do jornalista. Que ocupem os importantes espaços de opinião e contribuam com o debate, mas não sejam concorrentes diretos das redações.

O jornalismo e o jornalista merecem todo o respeito, pois constituem um grande patrimônio nacional, a segurança da sociedade. Não podem, jamais, ser desmerecidos e nem vitimados pelo "liberou geral". A maior vitima seria a comunidade.


Dirceu Cardoso Gonçalves
Tenente e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
São Paulo

A manifestação foi publicada no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.
Obrigado, sr. tenente
Se formos lembrar das trincheiras da Ditadura Militar, o mundo anda mesmo bem esquisito... (militar defendendo jornalistas, jornalistas omissos e ministros insanos)
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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conselho Federal - e regionais - de Jornalismo

Debate de décadas,
consenso entre aqueles quem não tem nada a ganhar com a baderna

Enterraram o Conselho Federal (e regionais) de Jornalismo!!!

Os ratos mesquinhos poderiam pelo menos pensar sobre alguns argumentos deste artigo

Quem tem medo do Conselho Federal de Jornalismo?

Marília Assunção *

"No exercício da profissão, o jornalista deve pautar sua conduta pelos parâmetros definidos no Código de Ética e Disciplina, mantendo independência em qualquer circunstância". Essa é a transcrição textual do artigo 5º do projeto de lei que cria o Conselho Federal de Jornalismo, enviado ao Congresso pelo Governo Federal depois de 20 anos de debates pelos jornalistas de todo o País.

Então está claro: "em qualquer circunstância" o jornalista deve se manter independente e pautado pelo princípio sagrado da ética. Por que ter medo disso? Ou melhor, vamos refletir sobre quem tem medo disso. Estamos assistindo pelo país afora uma campanha orquestrada contra o CFJ e que tem à frente os mais poderosos veículos de comunicação.

Atribuem o projeto ao Governo Lula, quando na verdade ele apenas teve o compromisso para com a categoria que o Governo FHC não teve, engavetando o projeto. O projeto do CFJ é dos jornalistas, é dos Sindicatos de Jornalistas Profissionais, e é da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Foi referendado em três congressos de jornalistas.

E é um projeto que também deve ser de todo os sindicalistas, execrados hoje na pessoa da Fenaj. E sobretudo deve ser dos cidadãos brasileiros que não têm noção do jogo de poder e de interesses escusos que está oculto nessa campanha baixa contra o Conselho, centrada na desinformação até dos parlamentares que votarão o assunto. O projeto do CFJ é de sindicalistas sim, porque queremos a informação a serviço do bem social, da maioria, mesmo que isso contrarie os interesses dos donos de muitos veículos de comunicação.

Qual a dimensão dos estragos de uma notícia irresponsável quando ela é publicada por um veículo e destrói a imagem e a vida de uma pessoa, dos moradores de uma rua, de um bairro, de uma cidade, de um estado, de um país, tudo para atender a interesses editoriais? Quando isso ocorre hoje, como é tratado? Alguém avalia o que estava nos bastidores dessa publicação?

Quem acompanha as condições de trabalho do jornalista responsável ou verifica se ele é realmente um profissional? Enquanto autarquias respeitáveis como os conselhos de médicos, engenheiros, economistas, odontólogos, psicólogos, ou as ordens como a dos advogados, seguem regulando de forma extremamente importante suas profissões, a proposta de Conselho Federal de Jornalistas recebe esse bombardeio mesmo diante da dimensão dos estragos e benefícios sociais que essa profissão pode proporcionar.

Não é mera coincidência. Porque à sociedade atingida pela cobertura jornalística só deve restar o Poder Judiciário como alternativa e às demais valem as instituições de exercício profissional também? Esse é o argumento de quem é contra.

Quem e, por qual motivo, acha que os jornalistas não devem auto-regular a profissão? Estão afirmando que há censura contida no projeto. Como isso seria possível, se o CFJ e sua base (conselhos regionais), serão formados por jornalistas? Essa é outra mentira que está no centro da argumentação dos opositores e que tem servido para confundir a opinião pública, sendo vergonhosamente usado até pelo grupo de jornalistas que sucumbe ao jogo do poder.

Os conselhos, como lembra o doutor em Ciências da Comunicação, Rogério Christofoletti, "serão instrumentos da sociedade para acompanhar a qualidade dos produtos jornalísticos e a conduta dos profissionais". Quem acha ruim que a coletividade, maior interessada na boa informação, dê palpite sobre ela sem precisar ir à Justiça? Então passemos a responder às reflexões.

Tem medo do CFJ os que exercem ou fomentam o exercício do Jornalismo sem seriedade. Os que não têm compromisso com a verdade dos fatos. Os que exercem ou promovem o exercício do Jornalismo com finalidades adversas ao interesse social. Os que exercem o incentivam o exercício sem a devida profissionalização. Os que tiram proveito pessoal com a notícia em detrimento de danos ou ganhos individuais ou sociais que ela possa causar.

* Marília Assunção é secretária estadual de Comunicação da CUT/GO